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Exclusivo | Denúncias de negligência e maus-tratos no Lar das Raparigas, em Torres Novas

A PSP foi chamada ao Lar Dr. Carlos Azevedo Mendes (Lar das Raparigas), da Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas, na terça-feira, 21 de fevereiro, na sequência de desacatos entre uma funcionária e um dos jovens em acolhimento. A ocorrência foi registada e comunicada ao Ministério Público. Mas os problemas não serão de agora.

Por Carla Paixão

Uma chamada anónima para a PSP a comunicar uma situação de desacatos entre uma funcionária do Lar Dr. Carlos Azevedo Mendes (Lar das Raparigas), da Santa Casa da Misericórdia (SCM) de Torres Novas, e um rapaz de 11 anos em contexto de acolhimento, levou a polícia à instituição, confirmou ao mediotejo.net o Comissário João Silva, oficial de Relações Públicas do Comando Distrital da PSP de Santarém.

Durante a hora de almoço, a criança terá recusado comer. Perante a insistência da funcionária, o rapaz tê-la-á empurrado, fazendo com que esta batesse com a cabeça na parede. De acordo com informação a que o mediotejo.net teve acesso, a funcionária terá reagido com "algumas palmadas".

Chegada ao local, a polícia confirmou os desacatos, que envolveram sete jovens menores de idade e uma funcionária, não fazendo prova, no entanto, da dita agressão à criança. Foi registada a ocorrência e a participação comunicada ao Ministério Público, que deverá agora dar seguimento ao processo.

Contactado pelo mediotejo.net, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas, António Gouveia da Luz, escusou-se a fazer qualquer comentário sobre este episódio, referindo apenas que a situação está a ser acompanhada pelas entidades competentes, tendo sido dado conhecimento imediato à Segurança Social, (entidade também contactada pelo nosso jornal, e da qual ainda não obtivemos resposta).

Diretora técnica demitiu-se há seis meses

O mediotejo.net confirmou junto de diferentes fontes que esta não terá sido a primeira vez que recaem queixas sobre funcionários ou sobre o funcionamento e gestão do Lar das Raparigas, sobretudo nos últimos seis meses, altura em que se demitiu a diretora técnica do Lar e saíram também duas funcionárias de longa data, por alegadas "pressões superiores".

Uma religiosa, há muitos anos ligada à instituição, terá também sido afastada por ter ameaçado denunciar à Segurança Social a degradação do ambiente e as negligências que começavam a sentir-se, com reflexos negativos no bem-estar dos jovens institucionalizados.

Ao que conseguimos apurar, foram formalizadas denúncias, nomeadamente à Segurança Social de Santarém e à CPCJ - Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, sobre situações de negligência, falta de cuidados básicos e de saúde, ou por acompanhamento pouco regular no que diz respeito ao percurso escolar destes jovens. Contudo, a situação tem-se agravado sem que seja visível alguma intervenção das entidades públicas que confiaram à Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas a guarda destes 23 menores, com idades entre os quatro e os dezoito anos.

As mesmas fontes reportaram ao mediotejo.net o sentimento de medo e de revolta vivido na instituição, fruto de "castigos recorrentes aplicados aos jovens" que contestam ou tentam impedir os maus-tratos infligidos às crianças mais novas.

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