BOLETIM 03/2021 - 23/12/2021
COMUNICADO
Sobre as notícias publicadas hoje pela CNN PORTUGAL, PÚBLICO e Observador, respectivamente intituladas “Covid-19: dados confidenciais de crianças internadas em UCI partilhados em página negacionista” (Opens in a new window) ; “Dados clínicos de crianças internadas em cuidados intensivos com covid expostos nas redes sociais” (Opens in a new window); e "Dados confidenciais de crianças com Covid vão parar à internet, através das redes sociais de negacionistas" (Opens in a new window), tenho a declarar o seguinte:
1 – Apesar de todos os casos ostensivamente ser omitido, os artigos da CNN Portugal, do Público e do Observador referem-se a um trabalho jornalístico da minha autoria – jornalista com carteira profissional (CP 1786) – publicado num órgão de comunicação social registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social sob o número 127661. A notícia do PÁGINA UM em causa encontra-se aqui (Opens in a new window). O PÁGINA UM é um jornal digital, com um site próprio e, como outros órgãos de comunicação social, possui ainda uma página específica na rede social Facebook.
2 – Como jornalista trabalhei em órgãos de comunicação social como o semanário Expresso e Grande Reportagem, além de colaborações regulares no Diário de Notícias. Embora com um interregno de 10 anos, que agora reactivei, sempre pautei a minha actividade jornalística pelos mais elevados padrões éticos e deontológicos, e de isenção e rigor. O PÁGINA UM pauta-se por estritas regras deontológicas e de independência, tendo publicado no seu site um Código de Princípios e uma Declaração de Transparência. Possuo, além disso, e para além de formação académica diferenciada (três licenciaturas e um mestrado), formação na área em apreço, sendo até sócio aceite pela Associação Portuguesa de Epidemiologia.
3 – Qualquer acusação, explícita ou implícita, de que eu e/ou o PÁGINA UM seguirmos movimentos ou grupos ditos de "negacionismo" em redor da pandemia é profundamente difamatório e lesivo do meu nome e do jornalismo independente.
4 – Fui, aliás, membro eleito no Sindicato dos Jornalista para o seu Conselho Deontológico no biénio 2007-2008. Conheço, reconheço e sempre coloquei em prática, com escrúpulo, todas as regras deontológicas e éticas, seguindo o interesse público. As informações que transmiti no artigo noticioso em causa são manifestamente de interesse público numa democracia.
5 – A CNN Portugal, através do seu jornalista-estagiário Henrique Magalhães Claudino (TP886), contactou-me ontem pelo meu e-mail profissional pavieira@paginaum.pt, não podendo assim ignorar que o texto em causa era de um jornalista e de um órgão de comunicação social (PÁGINA UM), e jamais poderia, de forma difamatória e ultrajante, rotulá-la de “página negacionista”.
6 – A seu pedido, a jornalista da CNN Portugal Catarina Guerreiro teve também acesso, por um intermediário (que é jornalista), ao meu contacto telefónico, sabendo ela assim também que eu sou jornalista. Apesar disso, esta jornalista da CNN Portugal nunca me contactou.
7 – Não há memória, na História recente da Imprensa Portuguesa, de um órgão de comunicação social claramente independente (sem publicidade e sem parcerias comerciais) ser atacado de forma tão vil, e apelidado de “página negacionista” por dois órgãos de comunicação social (CNN Portugal e Público) de importantes grupos empresarias. E ser ainda acusado de propalar alegada informação falsa, ademais omitindo, intencionalmente, elementos essenciais.
8 – Como jornalista, a informação que revelei na notícia publicada agora no site do jornal PÁGINA UM é factual e fidedigna, anonimizada, cumprindo os preceitos de interesse público e de reserva da vida privada, cumprindo escrupulosamente o código deontológico dos jornalistas. Ademais, a própria Comissão Nacional de Protecção de Dados já admitiu, na notícia da CNN, que “a informação, embora detalhada do ponto de vista clínico, não parece de per si permitir identificar os titulares dos dados.” Aliás, os dados em causa são oficiais, e chegaram-me já anonimizados, podendo (e devendo até) ser divulgados publicamente, por constituírem uma base de dados, cujo acesso é previsto pela Lei de Acesso aos Documentos Administrativos.
9 – A notícia da CNN destaca a opinião de cinco médicos que criticam a divulgação dos dados pelo PÁGINA UM, mesmo se anonimizados, entre os quais um dirigente da Ordem dos Médicos. Saliente-se que o PÁGINA UM está, neste momento, com uma queixa na Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos perante a recusa da Ordem dos Médicos em ceder informação sobre um donativo da farmacêutica Merck no valor de 380.000 euros. O PÁGINA UM tem estado, também, a preparar a publicação de uma investigação sobre o financiamento de mais de seis dezenas de sociedades médicas, sendo que todas o sabem, porquanto foram atempadamente contactadas para esclarecimentos.
10 – O PÁGINA UM considera estranho que nenhum outro órgão de comunicação social, nem a Ordem dos Médicos, tenha criticado a Direcção-Geral da Saúde por revelar, na passada semana, dados clínicos sigilosos (situação vacinal) de uma jovem de Braga, esta sim perfeitamente identificada pelo nome, que sofreria de síndrome de Dravet, e que morreu com covid-19. Isso sim foi uma revelação de dados clínicos sigilosos por uma entidade estatal. O PÁGINA UM nunca revelou qualquer nome nem local de residência de crianças internadas em cuidados intensivos.
11 – Por outro lado, tenha-se em consideração que o PÁGINA UM revelou ontem, em notícia já publicada no seu site, que o director do Público Manuel Carvalho está a ser alvo de um processo de averiguações pela Comissão da Carteira Profissional de Jornalista.
12 – Tendo assim tido isto em consideração, vou exigir direito de resposta tanto à CNN Portugal como ao jornal Público, no estrito respeito pela Lei da Imprensa.
13 – Informo ainda que irei entrar com processos de difamação – crime neste caso agravado por ser cometido através da Imprensa – contra o senhor Henrique Magalhães Claudino, jornalista-estagiário da CNN Portugal, contra os directores de informação da CNN Portugal, senhores Nuno Santos, Pedro Santos Guerreiro e Frederico Roque de Pinho, e contra os directores do Público, senhores Manuel Carvalho, Amílcar Correia, David Pontes e Tiago Luz Pedro, e senhora Andreia Sanches.
14 – Alerto ainda que qualquer órgão de comunicação social e/ou pessoa que divulgue os artigos acima referidos, ou que faça referências difamatórias contra mim e/ou contra o PÁGINA UM – numa tentativa vergonhosa de condicionar a liberdade de imprensa constitucionalmente defendida –, colocando em causa a minha honra e bom nome, poderá vir a ser alvo de similares processos judiciais.
PEDRO ALMEIDA VIEIRA (CP 1786)
Director do PÁGINA UM
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