Hoje não publicamos notícias
O Sindicato dos Jornalistas convocou para esta quinta-feira, dia 14 de março, uma greve geral de 24 horas, contra “os baixos salários, a precariedade e a degradação acentuada das condições de exercício de jornalismo”. É a primeira vez que os jornalistas fazem uma greve geral deste 1982.
No ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril, os jornalistas e a direção do jornal mediotejo.net (S'ouvre dans une nouvelle fenêtre) decidiram associar-se à greve, esperando que este protesto simbólico permita alertar o público para a importância do jornalismo livre numa sociedade democrática, o que só será possível com a participação de todos. A contribuição dos leitores (S'ouvre dans une nouvelle fenêtre) é fundamental para a via (S'ouvre dans une nouvelle fenêtre)bilidade financeira e independência editorial dos jornais, sobretudo no caso de pequenos projetos de comunicação social como o nosso.
O mediotejo.net nasceu há 8 anos com a ambição de fazer bom jornalismo de proximidade, para servir os 250 mil habitantes dos concelhos que compõem a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, bem como dos muitos milhares de conterrâneos espalhados pelo país e pelo mundo. Mas se a imprensa nacional atravessa uma crise sem precedentes, a situação da imprensa regional é ainda pior.
O modelo de negócio assente apenas na publicidade deixou de ser viável há muitos anos e, por isso, há cada vez maiores “desertos de notícias”, sobretudo em zonas do Interior, onde nenhuma rádio ou jornal assegura o acompanhamento dos assuntos fundamentais da vida dessas comunidades. Noutros locais, mesmo quando ainda subsiste algum meio de comunicação, não existe há muito um verdadeiro exercício do jornalismo: republicam-se sem critério comunicados de imprensa das autarquias e empresas, multiplicam-se as colunas de opinião, nada se questiona para ninguém incomodar.
Hoje não publicamos notícias mas amanhã voltaremos à luta de sempre: fazer este jornal com toda a nossa entrega e paixão, apesar das enormes dificuldades. Porque sabemos que o jornalismo – como ele deve ser – faz a diferença. E faz falta.
Como um dia escreveu generosamente o alfarrabista torrejano Adelino Correia-Pires sobre o nosso trabalho, “o jornalismo de proximidade é assim como a mercearia da vizinha, a cafetaria da esquina, o quiosque do largo, o mercado de frutas e legumes, a farmácia do bairro, o bom dia de sorriso nos lábios. A notícia não é copy past, nem o megafone de uma qualquer agência de comunicação. Este jornalismo, o de proximidade, merece mais solidariedade de todos. Pelo que por todos faz. É a ponta visível de um iceberg de serviço público, onde o que se não vê é muito, mas muito mais importante do que a sua ponta visível. E só se dará pela sua falta quando um dia faltar. Aí, será tarde.”
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